O câncer relacionado ao trabalho tem como origem a exposição aos agentes carcinogênicos presentes no ambiente de trabalho, mesmo depois da suspensão da exposição.
Entre os tipos encontrados nas publicações, ressalta-se que o câncer de pulmão é o segundo tipo mais frequente no Brasil, sendo que em indivíduos que trabalham com construção civil, agroindústria e principalmente os trabalhadores que manuseiam o minério ou estejam expostos a poeiras de origem mineral na sua fração respirável, possuem duas vezes mais chance de adquirir uma neoplasia pulmonar do que trabalhadores de setores não-industriais.
Nessa conjuntura, o amianto é a causa mais conhecida e mais frequente de câncer de pulmão. Apesar de não estar presente nas construções atuais (está proibido), era um componente utilizado no passado, então está presente em construções mais antigas.
Entretanto, várias outras exposições ocupacionais são também fatores de risco comprovados, como a sílica livre cristalina, os gases de exaustão diesel, os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HPA), diversos metais (arsênio, cádmio, berílio, certos compostos de cromo e níquel), os vapores soldagem e a radiação ionizante. Contudo, ainda existem incertezas a respeito de outros prováveis carcinógenos pulmonares ocupacionais, como por exemplo betumes ou inseticidas sem arsênico.
O câncer da cavidade oral é um tipo de neoplasia maligna que se espalha de forma silenciosa, com lesões iniciais encontradas predominantemente como úlceras rasas com bordas elevadas, geralmente confundidas com aftas. Estudos mostram que as substâncias formaldeído, fenoxi herbicidas e dioxinas são as mais encontradas em casos de câncer ocupacional de cavidade oral. Tal diagnóstico foi associado a trabalhadores de oficinas mecânicas.
Além disso, o câncer de nasofaringe já foi descrito com relacionado à exposição na indústria da borracha, indústria do alumínio, atividades ligadas à pintura, agricultura, mineração, com exposição a asbesto, benzeno, diesel, formaldeído, níquel, poeira de couro, poeira de madeira, fuligem de carvão, solventes orgânicos, radiação solar, agrotóxicos e sílica. Com relação à citação do câncer ocupacional segundo o setor produtivo, a exposição a asbestos, formaldeído, sílica, fuligem de carvão, solventes orgânicos, agrotóxicos, entre outros podem levar ao processo de formação de câncer de laringe, este afeta sobretudo trabalhadores da agricultura, mineração, cabeleireiros e pintores.
Já o câncer do sistema nervoso central, é visto como multifatorial, uma vez que ele é gerado por um conjunto de alterações genéticas, hereditárias e exposições ocupacionais a arsênico, chumbo, mercúrio, óleo mineral e a radiação (raios-x e gama). O último fator citado pode acometer os profissionais da área da saúde que efetuam diariamente procedimentos relacionados a radiografias e terapias de radiofrequência. Além disso, funcionários que atuam nas refinarias, usinas nucleares, nas produções e reparos de veículos a motor, nas indústrias petroquímica, borracha, plástico, gráfica, papel, têxtil e de agrotóxicos estão suscetíveis aos agentes cancerígenos mencionados.
Por fim, o câncer de pele envolve a exposição de trabalhadores rurais à radiação solar e pesticidas. Além desses trabalhadores, Profissionais da jardinagem, construção civil, trabalhadores agrícolas, da pecuária e pesca também se expõem à radiação ultravioleta proveniente do sol, sendo, em conjunto com aqueles do setor agrícola, mais propensos ao desenvolvimento do câncer de pele do tipo não melanoma.
Ressalta-se como principal estratégia para redução dos riscos ocupacionais para o câncer, a diminuição a níveis insignificantes de exposição ou eliminação da exposição aos agentes classificados como cancerígenos dentro do ambiente laboral, considerando a relação dinâmica entre a exposição e o adoecimento.
Fonte: Almeida TM, Costa YA, Faria MGA, Gallasch CH. Occupational cancer illness in Brazil: an integrative literature review. Rev Bras Med Trab.2023;21(2) DOI:10.47626/1679-4435-2022-845:e2022845
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